PROJETO POLÍTICO
PEDAGÓGICO - PPP
Bom Jesus da Lapa – BA
Fevereiro/2014
“A escola, de fato,
institui a cidadania. É ela o lugar onde as crianças deixam de pertencer
exclusivamente á família para integrar-se numa comunidade mais ampla em que os
indivíduos estão reunidos não por vínculos de parentesco ou de afinidades, mas
pela obrigação de viver em comum. A escola institui, em outras palavras, a
coabitação de seres diferentes sob a autoridade de uma mesma regra (CARNIVEZ,
1988).”
SUMÁRIO
1.
APRESENTAÇÃO........................................................................................................................04
2.
IDENTIFICAÇÃO...........................................................................................................................07
3.
OBJETIVOS E PRINCÍPIOS.......................................................................................................07
4.
FINALIDADES...............................................................................................................................07
5.
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO.......................................................................................08
6.
DIAGNÓSTICO..............................................................................................................................09
6.1
Contextualização......................................................................................................................09
6.1.1
Caracterização do Município..............................................................................................09
6.1.2
Histórico do
Bairro.................................................................................................................14
6.1.3
Histórico da Instituição.........................................................................................................20
6.2
Caracterização da Instituição.................................................................................................22
6.2.1
Contexto socioeconômico e cultural................................................................................22
a)
alunos.................................................................................................................................22
b)
professores.......................................................................................................................25
c) direção, corpo administrativo e
auxiliar....................................................................26
6.2.2
Estrutura
Física......................................................................................................................27
6.3 Avaliação institucional.............................................................................................................29
6.4
Dimensão Financeira................................................................................................................30
a)
PNAE – Programa Nacional de Alimentação
Escolar.............................................................31
b)
PDDE – Programa Dinheiro Direto na
Escola..........................................................................32
c) PNATE
– Programa Nacional do Transporte Escolar.............................................................33
d) PROINFÂNCIA..................................................................................................................................34
e) PDE
– Plano de Desenvolvimento da Escola..........................................................................34
f) Programa
Leve Lanche..................................................................................................................35
6.5 Dimensão
Jurídica...................................................................................................................36
6.6
Dimensão
Pedagógica............................................................................................................40
7.
BASES TEÓRICAS E FILOSÓFICAS – EDUCANDO PARA CONSTRUIR UM MUNDO
MELHOR.............................................................................................................................................40
7.1
Conceitos e definições............................................................................................................40
7.1.1
Sociedade................................................................................................................................40
7.1.2
Educação................................................................................................................................41
7.1.3 Escola......................................................................................................................................41
7.1.4
Concepção de Infância.......................................................................................................43
7.1.5
Ensino-Aprendizagem.........................................................................................................44
7.1.6
Currículo..................................................................................................................................45
7.2 Da Organização do Curso, sua Estrutura e Funcionamento........................................47
7.3 Avaliação Institucional.............................................................................................................48
7.4 Da Educação Especial............................................................................................................50
7.5 Da Educação para Relações étnico-Raciais para as crianças: A implementação da
lei nº 10.639/03.................................................................................................................................51
7.6
Da Educação Ambiental..........................................................................................................57
8.
REFERÊNCIAS.............................................................................................................................63
1. APRESENTAÇÃO
Prezado (a) leitor (a),
É com muita satisfação que
apresentamos este instrumento que discorre a visão da função social do Centro
de Educação Infantil Professora Manoelina Maria de Jesus e a prática pedagógica
que se pretende exercer a fim de proporcionar uma Educação Infantil integral e
de qualidade.
O presente Projeto Político
Pedagógico surgiu do compartilhar de diferentes sonhos, de pessoas diferentes,
com suas vivências e experiências, cada qual com suas peculiaridades e
necessidades, mas que optaram por se unir e sonhar um só sonho, a fim de que se
torne realidade.
A mesma foi concebida em
diferentes momentos - formais e informais - de reflexões e avaliação
institucional e do fazer pedagógico, onde cada segmento da equipe escolar
detectou necessidades e interesses da nossa comunidade local a serem
alcançados. A comunidade escolar desta instituição ao elaborar este
documento busca destacar a função principal da entidade que é cuidar
e educar, sob o lema: “Educando para construir um mundo melhor,”
solidifica desta forma, seu papel social e possibilita às crianças o
sucesso educacional, preservando seu bem-estar físico, e estimulando seus
aspectos cognitivo, emocional e social.
Reconhecendo a
importância das experiências vivenciadas na
primeira infância e acreditando ser a educação um direito da criança, o CEI formulou seu PPP voltado para o atendimento das
necessidades básicas de educação, afeto e socialização, numa ação complementar à educação familiar e da comunidade. Decidimos por uma fundamentação pedagógica que permita
acompanhar a criança em seu desenvolvimento considerando suas particularidades
e ao mesmo tempo oferecendo suporte afetivo e educativo.
A metodologia de
ensino adotada pela CEI Manoelina Maria de Jesus está baseada na proposta
sócio-construtivista, cujo objetivo é levar a criança a construir o seu próprio conhecimento através da exploração do
seu
corpo, dos objetos, do espaço onde está inserida e das relações com o
outro.
Desta forma, ampliando sua capacidade de descoberta e construção de conhecimentos, as crianças vão penetrando de modo consciente na dinâmica
da
vida e se constituindo, como sujeitos históricos, críticos e
participativos. As atividades são
programadas de forma a inserir no cotidiano escolar os pressupostos da Educação
Especial, Educação para relações étnicos-raciais e Educação Ambiental.
Este CEI atende crianças da
faixa etária de 02 anos e meio à 05 anos e 11 meses completos até 31 de dezembro
do corrente ano, oferecendo atendimento nos turnos matutino, vespertino, e
integral de acordo com as necessidades das famílias e disponibilidades de
vagas. Algumas destas turmas possuem crianças com necessidades educativas e
físicas especiais que por indicação da Lei de Diretrizes e Bases foram e/ou
permaneceram integrados totalmente com redução de turma de acordo com a
estratégia de matrículas.
O PPP é uma proposta flexível a ser
concretizada nos projetos educacionais, planejados semanal, e anualmente. Nela
estão contidas as tendências pedagógicas utilizadas no CEI, bem como o sistema
de estimulação, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento das crianças.
As metas aqui propostas efetivar-se-ão em parceria com toda a comunidade
escolar e com o real comprometimento de todos os profissionais que a
elaboraram.
Fundamenta-se na construção de um
conhecimento que não é pronto e acabado, mas que está em permanente avaliação e
reformulação, de acordo com os avanços dos principais paradigmas educacionais
da atualidade ou outras alterações que se fizerem necessárias.
Não deseja ser, portanto um manual de
ação pedagógica, mas um caminho aberto para ser enriquecido pela dinâmica da
prática, tanto nos aspectos estruturais, como nos conteúdos e metodologia
educacionais praticados.
Pretendemos que
este PPP seja o impulsor e condutor do bom desempenho da equipe escolar no
alcançe das metas e objetivos propostos para o biênio.
Para uma melhor apreciação e
entendimento, esta proposta está dividida em 07 (sete) partes que se articulam
entre si, com o objetivo de demonstrar as intenções de toda equipe escolar
quanto ao alcance da nossa finalidade primeira que é o desenvolvimento pleno da
criança.
2. IDENTIFICAÇÃO
O Centro Municipal de Educação
Infantil Professora Manoelina Maria de Jesus está localizado no Município de
Bom Jesus da Lapa - BA, Instituição de ensino de Educação Infantil, cadastrado
no Ministério da Educação com o código nº 295.368-04, inscrito no CNPJ de nº 11.067.628/0001-20. Está
localizado na Rua Dr. Juvêncio Xavier, s/nº, Bairro Lagoa Grande no Município
de Bom Jesus da Lapa, no Estado da Bahia, pertencente ao Sistema Municipal
de Ensino. Mantido pela Prefeitura Municipal de Bom Jesus da Lapa, situada
a Rua Marechal Floriano Peixoto, s/n°, Centro, CEP 47600-000, tem como CNPJ nº 14.105.183/0001-14.
3. OBJETIVOS E
PRINCÍPIOS
O objetivo primordial do Centro de
Educação Infantil Professora Manoelina Maria de Jesus, é proporcionar às
crianças situações prazerosas de descobertas e aprendizagens, com atenção ao
desenvolvimento integral, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e
social para contribuir na formação de pessoas cidadãs conscientes de seus
direitos e deveres.
4. FINALIDADES
O Centro Municipal de Educação
Infantil Professora Manoelina Maria de Jesus tem por finalidade: atender o
disposto nas Constituição Federal e Estadual, Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, Estatuto da Criança e do Adolescente, Normas emanada pelo
Sistema Municipal de Ensino e demais legislações aplicáveis. Oferecer a
Educação Infantil conforme normas do sistema municipal de ensino.
5. PROJETO POLÍTICO
PEDAGÓGICO
A Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, 9394/96 redimensiona o conceito de escola e ressalta a
importância da participação dos vários segmentos que a compõe, na definição e
organização do seu trabalho pedagógico. Uma atribuição dessa magnitude exige
uma grande responsabilidade, porque implica na definição dos caminhos que a escola
vai tomar e, consequentemente, a construção de sua autonomia.
A LDB 9394/96 em seu bojo destaca
três grandes eixos ligados a construção do Projeto Político Pedagógico (PPP). O
Eixo da Flexibilidade vinculado à autonomia, possibilitando à escola organizar
seu próprio trabalho pedagógico. O Eixo da Avaliação que reforça um aspecto
importante a ser observado nos vários níveis de ensino e o Eixo da Liberdade
que se expressa no âmbito do pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas.
Considerando esses três grandes eixos a LBD reconhece na escola um importante
espaço educativo e nos profissionais da educação uma competência técnica e
política que os habilita a participar da construção do Projeto Político
Pedagógico. Significa planejar o que se tem a intenção de fazer e de realizar.
É buscar uma diretriz, um rumo a caminhar. O que significa muito mais que um
simples plano de ensino ou de atividades pedagógicas, embora o Projeto Político
Pedagógico também oriente o conteúdo, a forma e a maneira como o conhecimento
devem ser construídas.
O ato intencional do Projeto
Político Pedagógico é explícito porque possui um sentido claro e definido de
forma coletiva entre as palavras política e pedagógica, que dá base e
fundamenta o trabalho. Então, por que político? Por que pedagógico? Político
não no sentido restrito de uma disputa entre partidos políticos, mas a política
que reside num sentido mais amplo: na expressão do compromisso social, na forma
de participação de cada um da comunidade e na vontade que leva a uma ação. Toda
proposta pedagógica é também uma proposta política por estar articulada
diretamente com a formação do cidadão. Define que ser humano se pretende
formar, o tipo de sociedade e o espaço pretendido.
Na dimensão pedagógica residem todas
as ações educativas e as características de organização do espaço onde
acontecerá o desenvolvimento da intencionalidade política, ou seja, a formação
de sujeitos cidadãos, participativos, empreendedores, comprometidos
socialmente, críticos e criativos. Por isso, as dimensões política e pedagógica
caminham juntas possibilitando o envolvimento de todos os participantes
praticando o exercício da cidadania.
Portanto, Projeto Político
Pedagógico é o instrumento que explicita intencionalidade da escola como
instituição, indicando seu rumo a sua direção. Ao ser construído coletivamente,
permite que os diversos segmentos (comunidade escolar e local) expressem suas
concepções de sociedade, escola, ensino aprendizagem, avaliação entre outras.
Os pontos de vistas sobre o cotidiano escolar explicitam o que a escola já é, e
quanto ela poderá vir ser, com base na definição de objetivos comuns das ações
compartilhadas por todos seus segmentos.
6. DIAGNÓSTICO
6.1 Contextualização
6.1.1 Caracterização
do Município
O município de Bom Jesus da
Lapa está localizado na Região Oeste do Estado da Bahia, com uma população de 68.282
habitantes, segundo censo demográfico de 2012, distribuídos em bairros, ilhas,
povoados e distritos. Esta realidade é composta de diferentes tipos de
culturas, uma vez que no município encontramos comunidades ribeirinhas e
remanescentes de quilombos, das quais quatro são reconhecidas pelo Governo
Federal sendo elas: Quilombo Rio das Rãs, Araçá/Cariacá, Piranhas e Lagoa do
Peixe. O povoamento do município começou em torno do morro por isso o seu nome
Lapa originou-se da língua latina, derivando-se da palavra “lápis” que
significa “pedra”.
Quando
o monge chegou aqui, para Bom Jesus da Lapa, por volta de, como se presume,
1961, primeiro, deteve-se no povoado-sede da fazenda “Morro”, abaixo daqui sete
quilômetros. Foi ali que ele soube da existência do Morro e da Gruta,
naturalmente, depois que explicou os motivos de sua viagem pelo Sertão, em
busca de um lugar ermo, solitário, aonde pretendia recolher-se para se dedicar
à vida contemplativa, de expiação de suas faltas. (BARBOSA, 1996:47)
Situada numa região de clima
quente e seco, Lapa tem na pesca seu maior meio de subsistência, bem como na
cultura de grãos e demais produtos agrícola, graças à implantação do Projeto
Formoso “A”, que trouxe para a cidade a agricultura irrigada e consequentemente
mais verde às terras e mais esperança ao povo Lapense.
Em decorrência desse
desenvolvimento, Lapa assedia 05 agências bancárias e, também, a Companhia do
Desenvolvimento do Vale do São Francisco – CODEVASF que trabalha na região
implantando o Programa de Aproveitamento de recursos Hídricos do Nordeste Semi-Árido,
atuando na captação de água subterrânea e perenização dos rios. Assim como a
CODEVASF, outros órgãos como Fundação Nacional de Saúde – FNS, Serviço Autônomo
de Água e Esgoto – SAAE, Diretoria Regional de Educação e Cultura – DIREC-26
funcionam dando apoio não somente ao desenvolvimento local, como também
regional. Tendo o turismo como forte aliado da economia local, possui uma
população flutuante que chega a 160.000 habitantes, nos períodos de alta
temporada, representados pelos meses de julho, agosto e setembro, quando ocorre
a Romaria do Bom Jesus.
O grande diferencial entre Bom Jesus da Lapa e as outras cidades da região
é o morro e suas grutas que lhe conferem um clima místico e diferenciado, por
isso, foi eleito como a 1ª maravilha do Brasil. Também o Rio São Francisco, o
rio da Unidade Nacional, que banha o município e oferece à população, ao longo
de seu curso, locais turísticos como a Barrinha e uma área denominada coroa.
Possui como bairros
oficiais: Amaralina, Barrinha,
Beira Rio, Cavalhada, Centro, Consolação, João Paulo II, Jurema, Lagoa Grande,
Magalhães Neto, Maravilha, Maribondo, Nova Brasília, Nova Jerusalém, Nova Lapa,
Parque Verde, Salinas, Santa Luzia, São Gotardo, São João, São Miguel,
Shangri-lá e Vila Nova. Falaremos sobre alguns:
·
Amaralina
– Considerado um dos bairros nobres da cidade, por conter casarões e ser
muito calmo, nele pode-se encontrar o Ginásio de Esportes do município, o
Estádio Benjamim Farah, Mega Show Predileto e o campus da Universidade do
Estado da Bahia - UNEB,
é tido por muitos com o melhor da cidade.
·
Barrinha
– Um bairro distante da cidade, mas com uma vista deslumbrante para o Rio São Francisco.
·
Beira Rio
– Bairro de classe baixa, é próximo ao Mercado Municipal e a beira do rio.
·
Cavalhada
– Com as mesmas características do Beira Rio, são separados por ruas.
·
Centro – O bairro
abriga a Prefeitura Municipal, a Câmara de Vereadores, as demais secretarias
(secretaria de saúde, turismo e etc..), o Hospital Municipal Carmela Dultra. Os
bancos do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal e o Banco do Nordeste, a
sede da CODEVASF e da Filarmônica Euterpe Lapense.
·
Nova
Brasília – É sem dúvida um dos bairros mais importantes do
município, por ser o bairro mais próximo a gruta do Bom Jesus, recebe milhares
de pessoas todos os anos na festa do Bom Jesus e de Nossa Senhora da Soledade,
é um bairro considerado periférico pois suas ruas são muito pequenas e suas
casas mal construidas mas é de extrema importância para a cidade, nele se
encontram o CAIS e uma das agências dos Correios.
·
São
Gotardo – É junto com a Amaralina e o São João a área nobre de
Bom Jesus da Lapa, contém grandes casas, onde residem pessoas da alta sociedade
do município, o bairro sofre um problema que já virou comum, na época de chuvas
a Lagoa do São Gotardo, como é conhecida, alaga milhares de casas.
·
Lagoa
Grande – É o bairro da entrada da cidade, tanto no sentido da BR
430, quanto pela Ponte Gercino Coelho. É lá que está localizada o Terminal
Rodoviário da Cidade, o monumento “Cristo da cidade”, além de possuir grandes
empresas e hotéis.
·
São João
– Possui as mesmas características dos bairros São Gortado e Amaralina, nele
se encontram o Colégio Modelo, o aeroporto da cidade, o Fórum Bernadino de
Souza e onde acontece anualmente o São João do bairro São João.
·
Parque
Verde – Como seu própio nome ja diz e um bairro arborizado.
Muitas pessoas acreditam que esse bairro é pouco povoado, não passando isso de
um equívoco, pois além de ser povoado esse bairro fica ao lado da entrada da
cidade e acaba servindo de escapatoria para os caminhões de grande porte nao
pegarem o transito infernal do Centro.
·
Vila Nova
– E considerado um dos bairros mais pobres da cidade pois lá nao existe
nenhum tipo de pavimentaçao,seus esgotos são a céu aberto a muita dificuldade
para se encontrar algo lá ja que e o bairro mais distante do centro.
·
João
Paulo II – Lá se encontra a Feira Livre II, realizada aos
domingos e onde acontece anualmente o Arraiá da Catarina, é o bairro mais
populoso da cidade.
·
Bairro
Magalhães Neto – Bairro vizinho ao João Paulo II, também conhecido
como "casas de bloco", pelo fato de terem suas casas construídas com
blocos de alvenaria, também um lugar simples, lá encontramos a Praça do
Magalhães Neto além da Igreja de São Miguel.
·
Maravilha I e
II – São bairros recém formados. Ainda não receberam pavimentação, mas
estão se desenvolvendo.
·
Jurema – Um bairro
distante da cidade, não é calçado.
·
Vila Maia – E considerado
um dos bairros mais pobres da cidade.
·
Nossa Senhora
da Soledade – Bairro que fica às margens do Rio São Francisco, na
cabeceira da ponte, possui 04 Escolas, a Torre de transmissão, a Gruta de Nossa
Senhora da Soledade, o Espaço Cultural de Bom Jesus da Lapa e a sede da EBDA.
Em relação à Educação possui 05 (cinco) escolas da Rede Estadual (sendo 02 em processo de
municipalização) e 87 (oitenta e sete) da rede municipal oferecendo Cursos de
Ensino Fundamental de nove anos, Educação de Jovens e Adultos - EJA e Ensino
Médio, com a modalidade de Teles salas, cursos denominados EMITEC, na zona
rural. No que tange ao Ensino Superior dispõe da Universidade do Estado da
Bahia - UNEB, Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, Faculdade de Tecnologias e
Ciências - FTC, Universidade Santo Amaro – UNISA Digital, Faculdade João Calvino
e Universidade Aberta do Brasil – UAB, com cursos à distância da Universidade
Federal da Bahia - UFBA. O ensino técnico é ofertado pelo IF Baiano com
cursos de Técnico em Informática e Técnico em Agricultura.
A administração do Sistema de Ensino
Público é de responsabilidade da Diretoria Regional de Ensino – DIREC 26,
atendendo à rede estadual e Secretaria Municipal de Educação, na qual temos
como Secretário na atualidade, um professor do quadro efetivo, o qual junto com
sua equipe e a classe dos professores conseguiu elaborar e aprovar o Plano de
Carreira dos Profissionais do Magistério Público, fazendo garantir o direito
prescrito pela LDB nº 9394/96.
6.1.2 Histórico do
Bairro
O bairro Lagoa Grande
formou- se à partir da união de grandes famílias compostas de 15 á 25 membros,
aproximadamente. No início Tratava-se de uma área de terra pertencente ao
Senhor Carlos Fraga, onde foi loteado e iniciado as primeiras construções. Não
possuía energia elétrica e nem abastecimento de água, este era feito através de
carros pipas que enchia uma caixa d’água que ficava no local onde hoje está
construída o CEI do bairro, as demais residências buscavam água nas lagoas.
Historicamente o bairro
Lagoa Grande é conhecido pela sua geografia na qual existem as lagoas do concreto
e de Pinto, local de destino de muitas famílias nos finais de semana, para
lazer, pesca, banho e piqueniques. As plantas típicas também era um marco
forte, possuía a maior picada de umbuzeiros da região, além de plantas nativas
como: melancia da praia, bananinha, quipá, batata de rama, vinagre, articum,
juá, caruru, jatobá, são caetano, cagaita, cangirana e palma.
A fonte de renda dos
moradores eram: a pesca; a criação de animais como bode, bois, cocás e porcos;
o artesanato em argila com confecção de potes, panelas e tachos; o comércio de
úmbus, pinhas, caju, feijão e esterco, que eram vendidos na feira livre da
cidade. As olarias também era de onde muitas famílias tiravam seu sustento,
trabalho árduo e perigoso, sem nenhuma proteção que trouxe consequências para a
saúde de muitos que trabalhavam na quentura do dia-a-dia dos fornos.
A construção da BR 430 e BA 640
causou um desenvolvimento acelerado do bairro, que antes era considerado como
zona rural do município. a energia elétrica chegou no ano de 1991 através da
rede que abastecia o depósito da distribuidora de cerveja Brahma, era uma linha
fraca que vinha de Favelândia, posteriormente foi trocada pela atual. No tanque
d’água várias famílias se reuniam no sábado para lavarem seus utensílios e
roupas, usavam a área de plantas rasteiras para colocar a roupa para quarar.
Esse tanque era utilizado também como bebedouro pelos criadores de cabras e
bois, quando ocorria algum acidente de um dos animais morrer afogado no tanque
todos ficavam sem água por meses.
Culturalmente o bairro é
muito rico pois na união das famílias os costumes se entreleçaram, fortaleceram
e criaram raízes. As famílias mais conhecida do bairro eram do Sr. Petronílio
Pereira de Souza (Seu Pinto), de Maurino Vidal dos Santos (Mário Quebra), Dona
Etelvina (Dona Fia) e de Dona Emília Marques de Oliveira, das quais quase todos
os moradores da atualidade são descendentes de uma delas.
Houveram personalidades que
não saem das lembranças dos moradores: O ex soldado de tempos de guerra
conhecido como “Lebrino” que misturava realidade e ficção em suas histórias,
alegrando e ensinando um pouco da história de nosso município; A velha “Bia”
tida por muitos como uma “doida” na fiel companhia de seus cachorros, mas era
procurada por outros para rezar e benzer vários males; O Sr. “Zé Galinha” que
dentre seus feitos dizem que era um homem que sabia uma reza com a qual ficava
invisível aos olhos humanos; O Sr “Abenone” conhecido como o maior contador de
estórias do bairro, para muitos, um mentiroso nato.
As danças típicas indígenas
eram realizadas por um grupo liderado pelo Sr. João descendente legítimo de
tribo indígena que habitou a região, porém com sua morte o grupo quase caiu no
esquecimento, tendo apresentações somente na festa de Pentecostes da cidade. Os
festejos de São João atraía pessoas de todos os lugares, Dona Neca comandava a
melhor e maior quadrilha junina do município denominada de “Arraiá das
Estrelas” vencedora de muitos títulos. Os ensaios para o grande dia iniciam
quatro meses antes, o sonho de todo casal era adquiri idade e estatura para
passar para a quadrilha dos adultos e um dia poder puxar a quadrilha. A trágica
morte de Milson e Milton (Lunga e Tozinho) dois filhos de Dona Neca ceifou
também para sempre o brilho e a vontade de realizar esta festa, ficou uma
lacuna muito grande, pois um era o puxador da quadrilha. Posteriormente a
Professora Colozinha resgatou esta tradição realizando o “Arraiá Balão Dourado”
durante 08 (oito) anos onde o casamento caipira, a disputa do pau de sebo, a
fogueira em pé, era um sucesso nas noites de São João.
Outro costume que se
destacava no bairro era na Semana Santa, onde na sexta-feira da paixão logo
pela manhã as crianças, jovens e adultos passavam de casa em casa,
principalmente na dos padrinhos, ajoelhando-se e dizendo as palavras: “Louvado
seja Nosso Senhor Jesus Cristo” pedia a benção dos mais velhos, nestas casas
sempre havia uma bebida amarga que era para aguentar o jejum, ao meio-dia era
servido o almoço e as famílias se reuniam na casa do patriarca e depois todos
iam levar as sobras das comidas para dar aos peixes na lagoa. À noite todos iam
à reza na residência do Sr. Pinto, que só terminava quando o galo cantava.
A tradição de reisado foi a
que mais destacou- se durante mais de um século, reunindo os moradores para
cantarem, dançarem e festejarem o nascimento do menino de Jesus. Os festejos
iniciavam- se no dia 24 de dezembro onde ao redor do presépio antecipadamente
preparado, os músicos ao toque de tambor anunciava que o grande dia havia
chegado e as cantoras convidavam os presentes para saudarem o menino Jesus.
O cortejo continuava nas
casas de cada morador do bairro, geralmente as cantoras realizavam
coreografias. As músicas eram passadas de geração em geração e as pessoas mais
novas costumavam seguir o percurso para conhecer, aprender e continuar com a
tradição. Participavam desta tradição crianças, jovens, adultos e idosos, com
cerca de 50 (cinquenta) pessoas entre músicos e cantores e dançarinos indo de
porta em porta de mais de famílias. Sendo um bairro com maioria católica todas
as casas eram visitadas sendo que com o passar dos anos em consequência do
acelerado crescimento do bairro os participantes de reisados foram separados em
dois grupos para atender a demanda de casas. Porém no dia 06 de janeiro os
grupos reuniram- se para a grande folia de reis neste dia o presépio era
desmontado e guardado para o próximo ano.
Devido ás novas gerações não
continuaram com a riqueza cultural dessa manifestação aos poucos o reisado foi
extinguindo até que não foi mais realizado deixando uma lacuna na tradição e
uma tristeza no coração dos moradores mais velhos do bairro.
Algumas coreografias
imortalizaram- se de muitos moradores do bairro, ainda hoje há pessoas que se
divertem falando o babau a mulinha de ouro, personagens inesquecíveis que
transmitiam alegria aos que participavam ou apenas apreciavam esta dança. Porém, um grupo de pessoas liderado por Dona
Luiza do Paraizo Rodrigues ao som do tambor de Valdivino Rufino de Souza, vem
tentando resgatar essa cultura há alguns anos, mobilizando o povo para a grande
folia de reis.
Destacamos ainda os
campeonatos de futebol que movimentavam o bairro aos domingos, dos festivais,
bailes e projetos sociais promovidos no CDL, chamado de Clube de Campo Lagoa
Grande, ainda hoje há quem guarde as canecas promocionais e possuem registros
fotográficos destas tardes de lazer que divertiam as famílias e impulsionavam o
comércio de comidas e bebidas. Atualmente há o tradicional jogo de natal e ano
novo com os times de solteiros x casados, em que os perdedores vestem-se de
mulheres para jogarem no ano seguinte e há os campeonatos isolados promovidos
pela nova geração de esportistas do bairro.
Hoje ocorre ainda as
comemorações de São Cosme e Damião, com reza, almoço e distribuição de doces
para crianças; de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (padroeira do bairro) com
tríduo e quermesse; de Nossa Senhora Aparecida com rezas em residências do
bairro e festa para crianças na igreja do bairro; Festa do Divino Espírito
Santo que ocorre uma semana após a data oficial do ano, com escolha de Capitão,
alvorada, café da manhã comunitário, procissão do mastro e missa festiva na
Capela da Fazenda Campos. Neste dia todas as mulheres se reúnem na casa do
capitão ou capitã para cortar papéis e enfeitar o mastro.
Algumas devoções se
imortalizaram e são seguidas até hoje, quando a cidade passa por um longo tempo
de estiagem, uma imagem de santa é “roubado” de uma residência e só é devolvida
no dia em que chove. Neste período são realizadas peregrinações com garrafas
d’água na cabeça até a lagoa do bairro, rezando e pedindo à Deus que chova.
No campo educacional o
bairro teve como alicerce do saber a Professora Manoelina Maria de Jesus, “Mãe
Neca” que primeiramente se dedicava à catequese das crianças do bairro, debaixo
de um pé de juazeiro. Posteriormente começou a ensinar a ler e escrever além
das crianças, jovens e adultos da região. Era uma educação tradicional, sob o
comando da temida palmatória “Santa Luzia”, mas que ajudou a formar muitos
professores, dentre eles sua filha Maria Margarida Gomes que continuou com a
escola da mãe e outros profissionais de várias áreas. A Escola na qual
lecionava recebeu o nome de Nossa Senhora Aparecida, sua santa de devoção e
esta depois de um tempo foi agregada a duas outras. A primeira foi fundada pela
Professora Claudemira Rufina de Souza Silva “tia colozinha”, que a exemplo de
Dona Neca dava aulas debaixo de um pé de São João em frente a sua residência,
tendo o nome de Nossa Senhora das Graças, porém a professora com a aprovação no
concursos público estadual em 1990, deixou de trabalhar no município. A segunda
funcionava na Comunidade de Juazeirão tinha o nome de Santo André.
Os alunos estudavam as
primeiras séries do Ensino Fundamental na escola do bairro e depois tinham que
percorrer uma longa distância para estudarem na escola mais próxima, sendo ela
o Centro Educacional São Vicente de Paulo ou a Escola Profissional São José,
que para ingressarem passavam por um exame de admissão. Depois de um tempo
houve a ampliação da oferta e a escola do bairro passou a atender o Ensino
Fundamental completo, hoje há também a extensão do Ensino Médio com uma turma
de 1º/2º anos.
Em se tratando da Educação
Infantil, quando o bairro não possuía uma creche ou pré-escolar as crianças
tinham que esperar a idade de 07 anos para ingressarem na educação, por “jeitinhos”
alguns conseguiram esta proeza com 06 anos. Como uma das formas de não aguardar
todo esse tempo, a escola do bairro admitia alguns ouvintes, ou seja, não
estavam oficialmente matriculados porque o Ministério da Educação não admitia.
Com os avanços da Lei, algumas turmas de Pré-Escolar foram criadas na Escola de
Ensino Fundamental, porém ainda não contemplava o que se esperava da Educação
Infantil. Por articulação política uma creche funcionou durante 08 (oito) meses
numa casa alugada e após o período de eleição foi fechada. A Educação começou a
ser respeitada quando a associação de moradores em parceria com a Prefeitura
Municipal, fundaram e posteriormente inaugurou a sede própria da atual
instituição.
Atualmente no auge de seus
101 anos Dona Fia é a pessoa mais idosa da comunidade. O Sr. Pinto, ainda vive
no mesmo lugar com sua esposa, cercado de filhos, netos, bisnetos e trinetos,
às margens da Lagoa que leva seu nome, à frente da antiga casa de farinha. Dona
Neca faleceu no dia 13 de outubro de 2005 e a professora Colozinha em 18 de
maio de 2009. A CEI do bairro inicialmente possuía o nome de Sorriso da Criança
e posteriormente recebeu o nome de batismo de Dona Neca em homenagem a esta que
foi um exemplo de fé, dedicação e compromisso com tudo que fazia e por sua
valiosa contribuição para o desenvolvimento do bairro Lagoa Grande.
6.1.3 Histórico da
Instituição
O Centro de Educação Infantil
Professora Manoelina Maria de Jesus está localizado no Município de Bom Jesus
da Lapa - BA, na Rua Dr. Juvêncio Xavier, s/nº – Bairro Lagoa Grande.
Sua história iniciou no ano
de 2004, no qual a instituição tinha o nome de “Creche Pré-Escolar Sorriso
de Crianças, a princípio com a idealização da Associação de Moradores do
Bairro Lagoa Grande, no intuito de atender filhos de mães que precisavam
trabalhar e não tinham com quem deixar os filhos. Atendia à 90 crianças de
faixa etária de 03 à 05 anos, com funcionários voluntários e também do quadro
efetivo da prefeitura municipal. O quadro efetivo era composto por 03
professoras: Nayara Lisandra Miranda, Vanice e Florzina sendo a diretora Marina
e as voluntárias: Vera Lúcia Fernandes (presidente da associação); Jeane Rufina
de Souza Silva (secretária) e Ailton da Silva Souza (amigo da escola).
Embora a associação pudesse contar
com um espaço alugado, na mudança de governo municipal em 2005, a manutenção
foi impossibilitada diante das condições financeiras em que se encontrava a
associação, portanto, buscou viabilizar a concretização de seus objetivos por
meio de parceria com a prefeitura. Infelizmente, não havia nenhum respaldo
jurídico que favorecesse o investimento público em área de associações, para
tanto a Associação de Moradores do Bairro Lagoa Grande deveria abdicar dos
direitos que possuía e passou-a para a prefeitura, o que por determinação da
maioria dos moradores foi autorizado, diante da insegurança de perderem a única
conquista concreta que possuíam.
Neste período o CEI passou a
funcionar em outro local também alugado, sendo registrado como Centro de
Educação Professora Manoelina Maria de Jesus, em homenagem à saudosa Professora
carinhosamente conhecida como “Mãe Neca” considerada o pilar da educação do
bairro Lagoa Grande, porém permaneceu o mesmo código do Ministério da Educação.
Neste período esteve sob a direção da Professora Vilma Fernandes Alves.
Várias solicitações foram
encaminhadas para a Prefeitura Municipal requerendo a construção da sede
própria da CEI, e em 11 de agosto de 2010 foi inaugurado o prédio atual, com
recursos do PROINFÂNCIA sendo o primeiro Centro de Educação Infantil entregue
ao município. O Programa se destaca por almejar uma educação de qualidade para
crianças, a qual deve primar pelo desenvolvimento integral com base nos
aspectos físicos, afetivos, cognitivo/linguísticos, socioculturais, bem como as
dimensões lúdicas, artísticas e imaginárias das crianças, considerando as
necessidades individuais, pautados pela indissociabilidade entre o cuidado e a
educação, complementado assim a ação da família. A criança que assim é atendida
com certeza terá a garantia de uma infância feliz. Neste novo local a direção
da Instituição foi exercida pela Professora Carla Alves do Nascimento, ex
coordenadora da mesma.
Em Fevereiro de 2013 assume a
direção da CEI a Professora Jeane Rufina de Souza Silva, ex voluntária da
fundação da instituição, que direciona seu trabalho no resgate da confiança da
comunidade e da auto-estima dos funcionários, propondo um novo jeito de encarar
a Educação Infantil. Neste ano a CEI passa a atender alunos com necessidades
especiais, elabora seu escudo e lema, Regimento Interno, Projeto Político
Pedagógico e Propostas de Ensino.
O Centro de
Educação Infantil Professora Manoelina Maria de Jesus tem sua proposta de trabalho
embasada na ação indissociável entre o educar e cuidar, conforme estabelece o
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: “os cuidados são
compreendidos como aqueles referentes à proteção, saúde e alimentação,
incluindo as necessidades de afeto, interação, estimulação, segurança e
brincadeiras que possibilitem a exploração e a descoberta”.
O atendimento amparado nestes
aspectos é garantia de uma educação que privilegia a criança em sua totalidade,
proporcionando um bom desenvolvimento da infância, pois uma Criança bem cuidada
é garantia de adultos passíveis para construir um mundo melhor. A Educação da
criança está estreitamente ligada ao ambiente em que ela vive, em particular na
relação que é estabelecida com as outras - crianças da mesma idade ou maiores -
e em especial com os adultos, responsáveis pelo atendimento às necessidades da
criança.
O objetivo primordial do Centro de
Educação Infantil Professora Manoelina Maria de Jesus, é proporcionar às
crianças situações prazerosas de descobertas e aprendizagens, com atenção ao
desenvolvimento integral, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e
social para contribuir na formação de pessoas cidadãs conscientes de seus
direitos e deveres.
6.2 Caracterização da
Instituição
6.2.1 Contexto
socioeconômico e cultural
a) alunos
Com o objetivo de conhecer o perfil
socioeconômico-cultural e religioso da comunidade, contextualizar a comunidade
na qual a escola está inserida e avaliar as motivações e necessidades foi
aplicado um questionário a todas as famílias, as quais têm filhos que estudam
no Centro de Educação Infantil Manoelina Maria de Jesus
através de um formulário de cadastro individual de aluno - CIA.
A escola conta com 239 crianças
distribuídas em 11 turmas sendo: 06 turmas de Creche – Maternal II (matutino)
com 20 crianças; Maternal II (vespertino) com 20 crianças; Maternal II (integral)
com 22 crianças; Maternal III (matutino) com 24 crianças; Maternal III
(vespertino) com 20 crianças e Maternal III (Integral) com 17 crianças e 05
turmas de Pré-Escola - I Período A (matutino) com 23 crianças; I Período B
(matutino) com 22 crianças; I Período (vespertino) com 22 crianças; II Período
(matutino) com 25 crianças e II Período (vespertino) com 24 crianças.
No contexto socioeconômico e
cultural são oriundas em sua maioria de classe baixa, sendo que 41 alunos são
residentes na zona rural do município nas comunidades de Juazeirão, Fazenda Bom
Sucesso, Ilha da Mariquinha, Ilha do Carrapato, Assentamento Lagoa do Peixe e
Fazenda Campos, correspondendo à 17% do total de alunos matriculados. E os
demais correspondendo aos 83% são residentes em sua maioria do bairro onde a
CEI está localizada, e dos bairros: São João, Shangrilá, Parque Verde, Nova
Brasília, João Paulo II, Centro, São Gotardo, Amaralina, São José e Maravilha.
A
comunidade local, em sua minoria, apresenta problemas de caráter social e
financeiro como: famílias desestruturadas (geralmente onde os pais são
separados e as crianças acabam sendo criadas pelos avós); pais alcoólatras;
famílias com seus membros desempregados (vivem de “bicos” ou dependem de
programas governamentais); crianças que sofrem maus tratos (algumas
acompanhadas pelo Conselho Tutelar, onde foi detectado caso de espancamentos);
presença de dependentes químicos na família; onde a criança presencia um
ambiente de consumo, violência, e até assassinatos.
Quanto
a conjectura familiar das crianças da CEI são as mais variadas, temos casos de
guardas compartilhadas, de crianças com a guarda dada aos avós, de pais
separados, de pais adotivos, etc. Destacamos também uma média alta de crianças
gêmeas, pois temos 02 gêmeos e 02 trigêmeos.
Quanto à religiosidade 87% das
famílias são católicas, 22% evangélicas e menos de 1% são adeptos do Candomblé.
Quanto ao nível de escolaridade 70% dos pais têm Ensino Médio completo
(Magistério, Formação Geral e Contabilidade) 29 % têm entre a 5ª e 8ª séries, e
uma parcela de menos de 1% são analfabetos.
A grande maioria dos pais e mães
trabalham fora nas mais diferentes funções: pedreiros (autônomos), carregador,
motorista, comerciante, frentista, moto-taxista, lavrador, vaqueiro, diaristas,
empregadas domesticas, garçonete, professores, atendentes, cabeleireira,
pequeno empresário, policiais, líderes religiosos, etc.
Quanto aos Programas do Governo
como: Bolsa Família, auxilio alimentação e vale gás 90% das famílias são
integradas ao Programa. O meio de transporte mais utilizado pelos pais para se
locomoverem são respectivamente: bicicleta, moto e carro.
O Centro de Educação Infantil
Professora Manoelina Maria de Jesus tem como foco o desenvolvimento da
linguagem e a formação de hábitos e atitudes, atividades diversas de
estimulação, socialização, recreação e exploração do ambiente através do educar
e cuidar em sua inseparabilidade. Suas ações se pautarão na importância do
brincar que é um componente de suma importância na formação do cidadão de
direitos. Segundo Vygotsky (1999) “... a brincadeira é uma facilitadora do
processo de desenvolvimento”. Nossa intenção é despertar na criança através da
brincadeira o desejo de aprender, de ser cuidada e de ir ao encontro do mundo
que lhe cerca.
b) professores
A escola hoje conta com 16
professores sendo que 50% possuem entre 23 a 40 anos, 25% entre 41
a 50 e 25% mais de 50 anos, todas do sexo feminino residentes em vários
bairros do município. Todas as professoras são do quadro efetivo do município
sendo que 90% possuem mais de 10 anos de docência. Deste quadro, 07 possuem
formação em Magistério; 09 possui graduação em: Pedagogia (04), Letras (02),
História (01), Biologia (01), dentre estas três (03) são pós-graduadas em
História e Cultura Afro-Brasileira, uma (01) em Gestão Ambiental, uma (01) em
Gestão e Orientação Escolar e uma (01) em Psicopedagogia.
Em relação á carga horária, 11
professores trabalham em regime de 40 horas semanais e 05 de 20 horas, das
quais 06 são efetivas nesta função e as demais estão com extensão de carga
horária por tempo determinado de um ano.
Uma das grandes dificuldades
encontradas pela instituição neste ano é não conseguir que todos seus
professores façam sua jornada de 40 hs na mesma unidade, pois percebemos ser
prejudicial ao desenvolvimento da criança das turmas integrais a presença
de quatro professores diferentes durante
a semana. Além de haver a falta de alguns professores em eventos da CEI, por
conta de seu trabalho na outra escola.
Em razão do ótimo trabalho docente
realizado neste ano, a CEI firmou parceria com a Universidade do Estado da
Bahia – DCHT – CAMPUS XXVI, e fará parte do Programa de Incentivo Bolsa de
Iniciação à Docência – PIBID, onde um dos professores Pedagogos será um
multiplicador bolsista e acompanhará durante 01 ano 10 estagiários do Curso de
Pedagogia da universidade.
O grupo de Professoras da escola
trabalha em harmonia com a Equipe Administrativa que também exerce a função
pedagógica, são incentivadoras de práticas de ensino inovadoras, são abertas as
novas perspectivas desde que tragam benefícios às crianças. Participam dos
Eventos da Escola com alegria e dão sugestão de melhorias com intuito de ver o
bom nome da escola sendo divulgado com pontos positivos.
c) Direção, corpo
administrativo e auxiliar
Este CEI conta com uma (01) Diretora
habilitada em Matemática e pós-graduada em Ensino da Matemática, uma (01)
Secretária graduada em Pedagogia e Pós-Graduada em Gestão Escolar, uma (01)
professora habilitada em Letras, porém atuando como auxiliar de secretaria,
quatro (04) auxiliares de serviços gerais formadas em: Contabilidade,
Magistério e Formação Geral, duas (02) auxiliares das turmas integrais com
formação geral sendo 01 (uma) cursando nível superior em Pedagogia; quatro (04)
merendeiras sendo uma (01) formada em Magistério, uma (01) com Ensino Médio
completo e duas (02) cursando Bacharelado em Serviço Social; 01 (uma) auxiliar
operacional reabilitada, com nível fundamental incompleto atuando na portaria;
um (01) porteiro formado em Contabilidade e dois (02) vigilantes.
Quanto à faixa etária temos: 42%
entre 20 a 30 anos, 35% entre 31 e 40 anos e 23% com mais de 40 anos.
85% dos funcionários são do sexo feminino e 15% do sexo masculino, os
funcionários que aqui trabalham vem dos municípios de Serra do Ramalho, Riacho
de Santana e Paratinga e dos Bairros deste município: Lagoa Grande, Cavalhada,
Centro e João Paulo II.
Para a clientela atendida o
número de pessoal de apoio insatisfatório, falta uma auxiliar de serviços
gerais para o turno vespertino e sentimos a necessidade de capacitação ou
cursos ministrados por especialistas da área, às auxiliares que ficam com a
turmas integrais e uma definição correta no quadro funcional do município para
a função de berçarista (profissional responsável pelo banho, troca e repouso
dos alunos em idade de creche) para melhor aproveitamento e manipulação dos
alimentos.
6.2.2 Estrutura
Física
O Centro de Educação Infantil
Professora Manoelina Maria de Jesus está localizado na Rua Dr. Juvêncio Xavier,
s/nº, no Bairro Lagoa Grande, na área urbana de Bom Jesus da Lapa, Bahia, tendo
sua clientela oriunda de vários bairros da cidade, do bairro onde a escola está
localizada e da zona rural do município.
O prédio foi inaugurado no dia 11 de
agosto de 2011 construído com recursos do PROINFÂNCIA, modelo A conforme
memorial descritivo em anexo, possui um espaço físico dividido em dois blocos,
o primeiro é composto por: uma (01) sala de professores, uma (01) secretaria,
um (01) diretoria, uma (01) brinquedoteca, dois (02) banheiros de uso adulto
(feminino e masculino), um (01) almoxarifado, um (01) refeitório com sessenta
(60) cadeiras acopladas à quinze (15) mesas, dez (10) salas de atividades:
sendo que sete (07) funcionam como salas de aula, uma (01) como sala de
repouso, uma (01) como videoteca e uma (01) está cedida para a UNEB e funciona
como Ludoteca. Todas as salas de atividades possuem banheiro com três (03)
sanitários, duas (02) pias para escovação e higienização e três (03) chuveiros,
sendo que apenas na sala de repouso possui dois (02) chuveiros elétricos. Uma
área de lazer com dois (02) canteiros e um (01) pátio com arquibancada compõe
este bloco.
O segundo bloco possui: uma (01)
cozinha, um (01) depósito para merenda, 01 (um) depósito para utensílios da
cozinha, uma (01) lavanderia, um (01) depósito de materiais de limpeza, uma
(01) área de serviços, dois (02) banheiros pra funcionários (masculino e
feminino) e um (01) depósito de lixo.
Em relação aos recursos a escola
possui um (01) armário de oito portas, quatro (04) prateleiras de aço, cinco
(05) estantes de madeira, sete (07) carrinhos multiuso, uma mesa de aço, quinze
(15) cadeiras com almofadas fixas, duas (02) mesas de escritório com gavetas,
uma (01) mesa de escritório sem gavetas, uma (01) mesa para reunião de forma
oval, cento e quarenta e seis (146) mesas infantis, cento e quarenta e quatro
(144) cadeiras infantis, vinte e seis (26) centros de mesas, três (03) jogos de
cadeiras em aço com quatro (04) cadeiras acopladas, três (03) armários duas
portas, um (01) arquivo com quatro (04) gavetas e oito (08) vasos de barro.
Para brincadeiras a instituição
dispõe dos seguintes: um (01) pula-pula, uma (01) piscina de bolinhas, um (01)
carrossel, um (01) escorregador (danificado), dois (02) balanços em forma de
patinhos (danificados), uma (01) casinha (danificada), duas (02) traves de
futebol, uma (01) rede de vôlei e um (01) suporte de cesta de basquete. Na
brinquedoteca temos: quatro (04) bonecos da turma da mônica, cinco (05) bonecos
de pano grande, doze (12) bonecos de pano pequenos, uma (01) boneca de pano em
tamanho natural de uma criança, dois (02) jogos de blocos para montar, quatro
(04) brinquedos de encaixe (jacaré, pato e carrinho), um (01) tapete
alfanumérico, um tapete de retalhos, vinte e três (23) jogos lúdicos, um jogo
com treze (13) fantoches, uma (01) casinha de papelão, e dois (02) jogos de
mesas de madeira com quatro (04) cadeiras cada.
A videoteca é composta por um (01)
aparelho de TV, dois (02) aparelhos de DVD, uma (01) caixa amplificada, um (01)
microfone, um (01) aparelho de som e um (01) microssistem (danificado). Na sala
de repouso temos: sete (07) colchões de solteiro, dezenove (19) colchonetes e
um 01) colchão de berço.
Como recursos de copa e cozinha
possuem: uma (01) geladeira, um (01) fogão industrial, dois (02) botijões à
gás, um (01) liquidificador industrial, um (01) freezer, um(01) purificador de
água, uma (01) caixa de isopor grande, um (01) armário de parede.
6.3 Avaliação institucional
De acordo com o diagnóstico
realizado no início do ano letivo de 2013, a CEI necessita organizar-se
administrativamente, no momento o Regime Escolar está sendo
Ainda não está adaptada para receber
crianças com necessidades especiais, pois a mesma não possui profissionais
capacitados para tal atendimento, não possui rampas e nem banheiros adaptados
conforme estabelece a Legislação vigente sobre acessibilidade.
A escola não conta com serviço de
Orientação Educacional. A avaliação institucional foi realizada em forma de
questionário onde as famílias podem expressar seus desejos e satisfação pelo
desempenho da instituição.
A escola precisa da construção de um
parquinho na área externa da escola, construção de um laboratório de
informática, construção de uma Biblioteca, adaptação para atender crianças com
necessidades especiais, ampliação do acervo bibliotecário, ampliação dos
brinquedos pedagógicos, instalação de internet.
A avaliação institucional foi feita
através de questionários que foram respondidos pelos pais. Na opinião das
famílias, a instituição neste ano é: Boa 26% e Ótima 74%.
Destacam-se como principais
problemas apontados pelas famílias na escola:
-
Horário das reuniões de pais;
-
Atrasos dos professores.
Para resolver esses problemas foram
tomadas as seguintes providências:
-
Adequação dos horários de reuniões de pais, para o matutino;
-
Acordo com as auxiliares para ficarem com a turma até o professor chegar, com
cômputo de minutos acima de meia hora de atraso para efeito de falta com
desconto em folha. (Ao atingir 04 horas de atrasos, será enviada uma falta à
secretaria).
A escola precisa adequar os horários
de reuniões de pais para que possa ter o máximo de participação principalmente
dos que residem na zona rural, pois só há transporte neste horário. Os pais
reclamavam quanto aos atrasos dos professores na questão da criança ficar sem a
supervisão de um adulto, então uma das auxiliares assume esta responsabilidade,
porém tal acordo não abona a falta de compromisso do professor em está em seu
local de serviço no horário correto, e não pode prejudicar o andamento do
trabalho das auxiliares, portanto quando não houver justificativas plausíveis,
faremos cumprir o prescrito.
6.4 Dimensão
Financeira
Os recursos administrados pela
escola são oriundos de vários programas e com destinação específica os quais
seguem os critérios preestabelecidos pelos respectivos programas. Os
recursos adquiridos pela escola através de rifas, festas e doações são
destinados à compra de material didático e pedagógico ou utensílios de cozinha
e outros materiais para utilização na escola, a equipe escolar define o que é
prioridade para que o bem seja adquirido.
g)
PNAE – Programa Nacional de Alimentação
Escolar
Programa
Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), garante por meio da transferência de
recursos financeiros, a alimentação escolar dos alunos de toda a educação
básica (educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e educação de
jovens e adultos) matriculados em escolas públicas e filantrópicas. Seu
objetivo é atender as necessidades nutricionais dos alunos durante sua
permanência em sala de aula, contribuindo para o crescimento, o
desenvolvimento, a aprendizagem e o rendimento escolar dos estudantes, bem como
promover a formação de hábitos alimentares saudáveis. O PNAE tem caráter
suplementar, como prevê o artigo 208, incisos IV e VII, da Constituição
Federal, quando coloca que o dever do Estado (ou seja, das três esferas
governamentais: União, estados e municípios) com a educação é efetivado
mediante a garantia de "atendimento em creche e pré-escola às crianças de
zero a seis anos de idade" (inciso IV) e "atendimento ao educando no
ensino fundamental, através de programas suplementares de material
didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde" (inciso
VII).
O
repasse é feito pelo Governo Federal diretamente aos estados e municípios, com
base no censo escolar realizado no ano anterior ao do atendimento. Para efetuar
a compra destes gêneros alimentícios é preciso realizar no mínimo três cotações
em comércios diferentes. E a comissão de recebimento, receberá a mercadoria e
efetuará a conferência e controle de qualidade.
h)
PDDE – Programa Dinheiro Direto na
Escola
O PDDE (Programa Dinheiro Direto na
Escola) consiste na assistência financeira às escolas públicas da educação
básica das redes estaduais, municipais e do Distrito Federal e às escolas
privadas de educação especial mantidas por entidades sem fins lucrativos. O
objetivo desses recursos é a melhoria da infraestrutura da parte física
favorecendo assim a parte pedagógica, o reforço da autogestão escolar e a
elevação dos índices de desempenho da educação básica. Os recursos do programa
são transferidos de acordo com o número de alunos, de acordo com o censo
escolar do ano anterior ao do repasse.
É um recurso oriundo do Governo
Federal e visa contribuir com a melhoria da infraestrutura física e pedagógica,
para assegurar as condições indispensáveis ao bom funcionamento da entidade.
O dinheiro pode ser utilizado,
respeitadas as categorias econômicas de custeio e de capital, nas seguintes
finalidades: aquisição de material permanente; manutenção, adaptação,
conservação e pequenos reparos da unidade escolar; capacitação e
aperfeiçoamento de profissionais da escola, implementação de projetos
pedagógicos e desenvolvimento de atividades educacionais.
A utilização dos recursos decorre de
decisões democráticas, oriundas da APP juntamente com comunidade escolar e de
acordo com as necessidades da escola.
O valor devido a nossa escola é
transferido para conta bancária exclusiva em uma única parcela (anual) de
acordo com tabela progressiva definida em ato normativo do Conselho
Deliberativo do FNDE em função do número de alunos matriculados na escola.
i) PNATE
– Programa Nacional do Transporte Escolar
Instituído
em junho de 2004, tem como objetivo, por meio de assistência financeira, em
caráter suplementar, aos estados, Distrito Federal e municípios, garantir o
acesso e a permanência dos alunos do ensino fundamental público que residem em
área rural e utilizam transporte escolar, O Pnate consiste na transferência
automática de recursos financeiros, sem necessidade de convênio ou outro
instrumento congênere, para custear despesas com a manutenção de veículos
escolares pertencentes às esferas municipal ou estadual e para a contratação de
serviços terceirizados de transporte, tendo como base o quantitativo de alunos
transportados e informados no censo escolar realizado pelo Inep/MEC, relativo
ao ano anterior ao do atendimento. Os valores transferidos diretamente aos
estados, ao Distrito Federal e aos municípios são feitos em nove parcelas
anuais, de março a novembro. Em 2013, o valor per capita/ano variou de R$ 88,13
a R$ 125,72.
-
Caminho da Escola
Criado
pela Resolução do Conselho Deliberativo do FNDE nº 3, de 28 de março de 2007, o
programa possibilitará a renovação e ampliação da frota de veículos de
transporte escolar, por meio de concessão de financiamento aos estados e
municípios brasileiros para aquisição de meios de transporte coletivo, que
deverá ser usado para o transporte diário dos alunos que residam na área
rural. O programa também visa à
padronização dos meios de transporte escolar, à redução dos preços dos
veículos e ao aumento da transparência nessas aquisições.
j) PROINFÂNCIA
O PROINFÂNCIA – Programa Nacional de
Reestruturação e Aparelhagem da Rede Escolar Pública de Educação Infantil – foi
criado por iniciativa do Ministério da Educação (MEC) e do Fundo de
Desenvolvimento da Educação (FNDE) como parte das ações do Plano de
Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado em 2006 com vistas ao aprimoramento
da infra-estrutura da rede pública de educação infantil dos municípios por meio
de construções de novas unidades escolares, reformas ou ampliações, bem como
seu respectivo aparelhamento com equipamentos e mobiliários adequados.
A necessidade de criação de tal
programa pauta-se na evidente precariedade da rede pública de ensino infantil
existente nos municípios brasileiros, alta vulnerabilidade social e
populacional constatados. Mesmo consciente da competência municipal pelo
oferecimento da educação infantil gratuita como primeira etapa da educação
básica, o Governo Federal resolve pela implementação do programa PROINFÂNCIA
com vistas a alavancar o combate à escassez e precariedade da infraestrutura escolar
referente ao ensino infantil nos municípios brasileiros e promover a correção progressiva
da disparidade de acesso a este nível de ensino.
k) PDE
– Plano de Desenvolvimento da Escola
O Plano de
Desenvolvimento da Educação (PDE 2007- 2022): propõe o enfrentamento
dos problemas de rendimento, frequência e permanência do aluno na escola. Para
que esse fim seja alcançado, o PDE estabeleceu um sistema de definição de
metas, de avaliação e de cobrança de resultados nas escolas de todo o país,
conhecido por “Com-promisso Todos pela Educação”, aprovado pelo Decreto nº
6.094, de 24 de abril de 2007. O PDE propõe a mobilização social dos diferentes
atores envolvidos com a educação – União, estados, Distrito Federal e
municípios, atuando em regime de colaboração com as famílias e a comunidade –
em torno do desafio de promover a qualidade da educação brasileira. Todas as
ações educacionais preveem o investimento de recursos técnicos e financeiros
com o objetivo de superar os resultados educacionais negativos dos últimos
anos. Atualmente o plano é desenvolvido numa plataforma virtual chamada PDE
Interativo, onde todas as escolas inclusive os CEIs necessitam elaborar seu
diagnóstico, e posteriormente o Plano Geral que trata de todas as necessidades
detectadas no corrente ano, as ações para resolução de cada problema e os
recursos necessários para as mesmas.
l) Programa
Leve Lanche
Os recursos são oriundos da
Prefeitura Municipal de Bom Jesus da Lapa, e o Programa destina-se à aquisição
de gêneros alimentícios para a merenda do final de semana das crianças em idade
de Creche e Pré-Escola. Atualmente somente os Centros de Educação Infantil
recebem o programa, mas será estendido gradativamente.
Para efetuar a compra destes gêneros
alimentícios foi necessário um cardápio previamente elaborado e aprovado por
nutricionistas da Secretaria de Educação. Os gêneros são comprados pela Prefeitura
e enviados para as CEIs semanalmente.
As merendeiras são responsáveis pelo
controle de estoque e a qualidade do alimento servido. As auxiliares, direção e
outras professoras ajudam na montagem do kit nas sacolas, que são enviadas
todas as sextas-feiras para a casa de cada criança em uma sacola retornável. Os
critérios para a aquisição do leve lanche é a frequência escolar. A escola
adotou uma ficha de controle e os pais são responsáveis pela higienização das
sacolas.
6.5 Dimensão Jurídica
A escola trabalha em conformidade
com a Constituição Federal de 1988, LDB- 9394/96- Lei de Diretrizes e Bases da
Educação, ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, Constituição do Estado de
Bahia, Resolução 04/2010 do CNE/CEB, Resolução CNE/CEB n. 05 de 17/12/2009 –
Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, CME –
Conselho Municipal de Educação, LEI Nº 420/11/10/2013 – Dispõe sobre o Estatuto
e Plano de Carreira e Remuneração dos Profissionais da Educação Básica Pública
do Município de Bom Jesus da Lapa- BA, Normas de Funcionamento da escola:
Conselho Escolar - O Conselho Escolar é constituído por segmentos da Comunidade
Escolar, com representatividade no Conselho, serão eleitos pelos seus pares e
de forma paritária com mandatos de 02 (dois) anos composto por 07 (sete)
membros e seus respectivos suplentes. O Conselho Escolar encaminhará ações que
visem para o estabelecimento às diretrizes de organização e funcionamento da
escola e sua articulação com a comunidade nos limites da legislação pertinente,
compatíveis com a política educacional da Secretaria de Educação,
responsabilizando-se pelas suas deliberações. A ação de todos os membros será
sempre visando ao coletivo e à qualidade de ensino, evitando-se o trato de
interesse individual.
Os recursos financeiros da Escola
estão em conformidade com as leis vigentes: Lei Federal n. 8666/93 -
Lei de Licitações e Contratos, Lei n. 101/2001, CAE – Conselho de Alimentação
Escolar e Normas de Utilização e Prestação de Contas.
As prestações de contas deve ser
realizadas pelo Presidente do Colegiado à Gerência do setor responsável da
Secretaria Municipal de Educação, de acordo com calendário previamente
divulgado pelo setor.
.
6.6 Dimensão
Pedagógica
A escola atende crianças em idade de
Creche/Educação Infantil Maternal II (02 anos e meio) e Maternal III (03 anos),
sendo um total de trinta e nove (39) crianças atendidas em período integral, e
oitenta e quatro (84) em período parcial. Atende também ao Pré-Escolar com
turmas de I Período (04 anos) e II Período (05 anos) com cento e dezesseis
(116) crianças todos em regime parcial, num total de 200 crianças nesse regime.
Assim a CEI possui ao todo duzentos e trinta e nove crianças (239). Oferece
quatro refeições diárias: café da manhã, almoço, lanche e jantar, o cardápio
oferecido é aprovado pela nutricionista da SEMED. O horário de chegada das
crianças a escola é a partir das 07h30min e a saída é às 17h30min. O ambiente
escolar é organizado da seguinte forma: REGIME INTEGRAL - uma (01) sala do maternal
II, uma (01) sala do maternal III. REGIME PARCIAL MATUTINO - uma (01) sala do
maternal II, uma (01) sala do maternal III; duas (02) salas do I Período e uma
(01) sala do II Período. REGIME PARCIAL VESPERTINO - uma (01) sala do maternal
II, uma (01) sala do maternal III; uma (01) sala do I Período e uma (01) sala
do II Período. Para atividades de apoio pedagógico temos uma (01) brinquedoteca
que possui dois ambientes: um destinado à brincadeiras coletivas, com bonecos,
jogos, carrinhos e brinquedos de encaixe. E outro que organizado com um
cantinho para teatro de fantoches e mesas para leitura. Há ainda uma (01) sala
denominada Videoteca que é utilizada para realização das oficinas de Artes,
momentos de vídeo e realização de atividades de música. Usa-se também o espaço
externo para realização de atividades extraclasse, neste há a grama, os
canteiros de plantas medicinais e de hortaliças que a molha faz parte da rotina
das crianças. Os espaços são organizados de acordo e com a atividade a ser
desenvolvida no momento e com a rotina diária onde está contemplado refeição,
atividades pedagógicas, escovação, etc. Os móveis são adaptados para melhor
atender a clientela. A escola ainda não possui acessibilidade sendo
indispensável pois temos três crianças com necessidades educacionais especiais,
nos casos de crianças que apresentam comportamentos agressivos ou difíceis de
lidar a escola encaminha ao psicólogo do CRAS – Centro de Referência de
Assistência Social, localizado no bairro onde a CEI está localizada, sempre com
o consentimento dos pais e às vezes até a pedido dos mesmos.
Quanto à avaliação das
crianças, acontece através da observação das atividades realizadas em salas, de
atividades diagnósticas realizadas trimestralmente e através da Ficha de
Diagnóstico individual, preenchida semestralmente, a avaliação possibilita ao
professor conhecer o nível de desenvolvimento da criança, tornando propicio ao
mesmo trabalhar de forma individualizada com a criança para que ela possa
avançar na habilidade ainda não desenvolvida. A escola não possui sistema de
promoção nem reclassificação, visto que trata-se de um centro de educação
infantil.
A Proposta Curricular da
escola assegura a formação básica comum, respeitando as diretrizes
curriculares nacionais, nos termos do artigo 9º da Lei n. 9394/96 e
Parecer n. 020/2009 do Conselho Nacional de
Educação, organizada e adaptada de acordo com a Matriz Curricular da
Educação Infantil.
O
professor tem seu horário de planejamento semanal estruturado com cada nível em
conjunto, conta com um bom acervo didático e pedagógico que utilizam para
elaboração de todas as atividades pedagógicas da semana, as quais são descritas
num caderno de uso coletivo. Neste ano não possuem o apoio de um Coordenador
Pedagógico, ficando a gestora desenvolvendo esta função, de forma articulada ao
seu trabalho de Direção. O professor precisa conhecer a criança, observar e
categorizar as suas necessidades e a partir desta constatação, pensar em um
planejamento concreto que faça a relação das vivências para o conhecimento
científico. O Planejamento anual e bem estruturado, o Planejamento Semanal
é compartilhado, o gerenciamento pedagógico é eficaz, os referenciais
curriculares é sempre observado em quaisquer decisões, o índice de evasão e baixíssimo,
a comunidade escolar é participativa, a assiduidade dos funcionários são muito
boas.
Os professores recebem Formação
Continuada, oferecida pela SEMED, todos são muito participativos. A escola
desenvolve Projetos Pedagógicos trimestralmente que visam a melhoria da
aprendizagem das crianças e também a participação dos pais na vida dos filhos,
pois a família é essencial para o desenvolvimento da criança. A escola possui
um bom relacionamento com as famílias devido atender a uma clientela de
crianças muito pequenas os pais necessitam estar todos os dias na escola para
trazer e buscar seus filhos, com isso o diálogo escola/família é beneficiado,
mas também temos várias reuniões de pais e outros eventos durante o ano
letivo.
A escola é um espaço educativo onde
a criança é cuidada, educada, amada, alicerce do processo educativo global
envolvendo o CUIDAR e EDUCAR, na perspectiva de ser um espaço de descobertas,
construção de conceitos, desenvolvimento de potencialidades e autonomia para
vida. O brincar é um componente de suma importância na formação do sujeito
e para Vygotsky (1999) “... a brincadeira é uma facilitadora do processo de
desenvolvimento”. Nossa intenção é despertar na criança através da brincadeira
o desejo de aprender, de ser cuidada e de ir ao encontro do mundo que lhe
cerca. A partir das ações planejadas, desejamos obter resultados satisfatórios,
a fim de que a sociedade perceba a educação infantil como um espaço educativo e
de direito da criança.
Durante o ano letivo de 2013
a escola desenvolveu os seguintes projetos:
I
Trimestre: Você é insubstituível – Vem brincar que o circo já chegou
II
Trimestre: Meio Ambiente – Conhecer para preservar
III
Trimestre: Conhecendo e respeitando as diferenças na infância
IV
Trimestre: Brinquedos e brincadeiras – Aprendendo de forma lúdica
Os projetos trimestrais serão
elaborados de acordo com os temas geradores descritos na tabela abaixo. Os
temas poderão ser modificados de acordo com as necessidades da instituição
percebidas durante o ano letivo e que a equipe escolar entender que necessita
de uma intervenção por meio de projeto educacional.
1º TRIMESTRE
|
2º TRIMESTRE
|
3º TRIMESTRE
|
4º TRIMESTRE
|
Fevereiro
Março
Abril
|
Maio
Junho
Julho
|
Julho
Agosto
Setembro
|
Outubro
Novembro
Dezembro
|
-
Carnaval
-
Dia Mundial da Água
- Dia da Saúde e Nutrição
-
Dia do Trabalhador
-
Identidade e Valores
|
-
Dia do Meio Ambiente
-
Dia das Comunicações
-
Copa do Mundo
|
-
Semana do Trânsito
-
Aniversário da cidade
-
Semana da Pátria
-
Dia da Árvore
-
Dia do Folclore
-
Início da Primavera
|
-
Eleições
-
Dia dos Animais
-
Família
|
7. BASES TEÓRICAS E
FILOSÓFICAS – EDUCANDO PARA CONSTRUIR UM MUNDO MELHOR
7.1 Conceitos e
definições
7.1.1
Sociedade
Que
a sociedade seja aquela onde há uma participação de todos: profissionais, crianças,
pais, comunidade, etc. Devem unir-se as ações educacionais, tendo uma nova
perspectiva, para oportunizar a interação e o compartilhamento de todas
as decisões, cooperando na parte do gerenciamento administrativo e
financeiro.
Organizar
e exigir no coletivo, competência e responsabilidades de todos, com um só
pensamento de melhorar o ensino público, trazendo as famílias para
compartilharem, juntos dos desafios impostos pela sociedade globalizada.
7.1.2
Educação
Que
a educação possa ter novas metodologias, que seja estabelecido novas formas de
ensinar e aprender, onde os professores criem espaços e ambientes de
aprendizagem na forma de projetos de natureza interdisciplinar, e onde o papel
do professor junto ao aluno é apoiar, incentivar e motivar para que este assuma
sua parcela de responsabilidade em seu próprio processo de aprendizagem.
Que
a educação possa cada vez mais utilizar de novas ferramentas para a
aprendizagem, propostas pelo uso criativo e inovador da tecnologia,
contribuindo para a concretização, em termos de prática pedagógica, desses
princípios. Que a escola busque novos parceiros para uma nova
educação, principalmente com a comunidade local, cuja integração com a escola,
sob a ótica da aldeia global, só traz benefícios para ambas.
7.1.3 Escola
Que
a escola seja cada vez mais igualitária, solidária e inclusiva com mais
recursos a fim de que se possam resolver todos os problemas que surgem a todo
instante; que seja pautada nos princípios de igualdade, de respeito, de
solidariedade e de inclusão, de igualdade, para tratamos a todos da mesma
forma, sem distinção; de solidariedade, e de inclusão, que seja cada vez
mais democrática, envolvendo todos os segmentos nas atividades escolares bem
como transparecer as conquistas e os problemas.
Que
a escola torna-se um lugar aberto á sociedade civil, em que a administração
cria mais situações para diminuir distancia entre escola grupos sociais, como
abrir espaço para que os grupos sociais cooperem com esta tarefa.
Deve
constituir-se em um espaço onde as crianças possam ter acesso a diferentes
experiências socioculturais, ampliando o desenvolvimento de sua capacidade de
expressão, pensamento, interação, comunicação. Não mais sendo vista, apenas,
como um período de recreação, cuidados e preparo para etapas futuras, a
educação infantil caracteriza-se como espaço/tempo de vivências do respeito e
da consideração pelas diferenças individuais, culturais e sociais.
7.1.4
Concepção de Infância:
A ideia de infância apresenta-se de
forma heterogênea no interior de uma mesma sociedade e em diferentes épocas. É
uma noção historicamente construída, que sofre influências legais, culturais e,
portanto, tem se modificado ao longo dos tempos.
Do ponto de vista da ciência que
estuda o desenvolvimento humano, a infância é o período de crescimento que vai do
nascimento até a puberdade. De acordo com o Estatuto da Criança e do
Adolescente, criança é a pessoa até os doze anos de idade.
A Constituição Federal de 1988
estabelece um caráter diferenciado para a compreensão da infância, os pequenos
passam a ser sujeitos de direitos e em pleno desenvolvimento desde seu
nascimento. Assim, pode-se caracterizar infância como uma produção social e
histórica e não, simplesmente, uma fase biológica e natural de um processo de
crescimento que passa para a adolescência e, depois, para a vida adulta.
Sendo um sujeito único em pleno e
constante desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e emocional, a criança
possui uma natureza singular que a caracteriza como ser que sente e pensa o
mundo de um jeito muito próprio, o jeito da infância. Assim, a criança também
compõe a sociedade, estando em permanente processo de humanização, num contexto
que apresenta diversidade sócio-econômico-cultural.
Tal diversidade, na escola de
Educação Infantil necessita ser respeitada, orientada, escutada em seus anseios
e curiosidades, para que as crianças possam viver sua infância brincando,
sonhando, imaginando. Compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das
crianças serem e estarem no mundo é o grande desafio da educação infantil.
7.1.5
Ensino-Aprendizagem
Que
o processo de Ensino e Aprendizagem ocorra através de um trabalho onde o
CUIDAR e EDUCAR esteja aliado ao compromisso com os Princípios Éticos da
Autonomia, Responsabilidade, Solidariedade e do Respeito ao Bem Comum,
procurando entrelaçar a história do EU INDIVIDUAL a do EU COLETIVO, onde a
criança possa aprender a socializar-se, ser independente, cooperativa e
autônoma, tendo como eixo norteador a ludicidade.
Destacamos a brincadeira como eixo
norteador na organização do trabalho pedagógico. Dessa forma sugerimos a
utilização de diferentes formas de brincadeiras que contribuirão para inúmeras
aprendizagens e para ampliação de significados, promovendo a socialização,
fortalecendo laços de convívio harmonioso.
O dia a dia da Educação Infantil
está tomado de vínculos, afetos e aprendizagens nas mais diversas atividades
que compõem o cotidiano da criança. Este cotidiano precisa, então, estar
organizado para que elas ampliem seus conhecimentos. O professor é quem vai pensar
a organização do espaço e do tempo na escola, de modo a desafiar a iniciativa
da criança, considerando e respeitando a faixa etária, o número de alunos da
turma, as necessidades e interesses do grupo, as possibilidades de interação
com os colegas e os espaços físicos de que dispõem. O brincar na educação
infantil é, para a criança, uma forma de descobrir o mundo, desenvolver
capacidades como atenção, criatividade e imaginação, organizar emoções e
iniciar os primeiros relacionamentos no meio de convivência.
Portanto,
é necessário que o brincar, coordenado pelo adulto, seja uma constante no
processo educativo, para que crianças de diferentes idades, brincando juntas,
desenvolvam-se e aprendam.
Brincar: o ato de brincar deve
constituir-se na metodologia, por excelência, não apenas para forja de
conceitos sócio-históricos, mas para todo trabalho com Educação Infantil. A
brincadeira é uma atividade social relevante, vinculada ao desenvolvimento dos
conceitos essenciais da área (tempo-espaço-grupo), pois “no
brinquedo a criança cria uma situação imaginária”. (VIGOTSKY, 1999, p. 123),
capaz de vinculá-la afetiva e praticamente às estruturas sociais,
espaciais e temporais do mundo real.
Criar rotinas: as dimensões
tempo/espaço/grupo podem ser apreendidas pela vivência empírica da rotina. O
regramento cotidiano, o estabelecimento de horários e locais apropriados para
determinadas tarefas possibilitam, não apenas a organização de referenciais
para a criança, como permite também que o professor desenvolva observações
pertinentes sobre os hábitos e atitudes infantis, bem como a melhor forma de
interferir, quando necessário.
A família é o primeiro grupo social
da criança. Inicialmente, são os adultos de cada família os responsáveis por
seus cuidados e educação, em seguida quando a criança torna-se integrante de
outros grupos sociais, esta responsabilidade começa a ser compartilhada.
A atual estrutura social tem levado,
cada vez mais cedo, os pequenos para a escola, que passa então, a ser um novo
grupo de convívio. Neste contexto escola e família precisam assumir uma
parceria nos cuidados e educação que são destinados às crianças, tornando-se
essencial a troca de informações entre estas duas instituições, a fim de que o
trabalho desenvolvido na escola venha a ser independente, porém complementar às
atribuições da família.
7.1.6
Currículo
O currículo da Educação
Infantil é concebido como um conjunto de práticas que
buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os
conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental,
científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de
crianças de 0 a 5 anos de idade (Art. 3º Parecer CNE/CEB n. 20/09)
A Proposta Curricular deste Centro
procura assegurar a formação básica comum, respeitando as diretrizes
curriculares nacionais, nos termos do artigo 9º da Lei n. 9394/96 e Parecer n.
020/2009 do Conselho Nacional de Educação, organizada e adaptada de acordo com
a Matriz Curricular da Educação Infantil. O currículo será estruturado em
áreas do desenvolvimento biológico, psicológico e sociocultural. Os conteúdos
curriculares, desenvolvidos sob a forma de atividades, serão: na área
biológica: atividades de higiene e saúde; na área psicológica: domínio
cognitivo – atividades de linguagem e de conhecimento lógico, matemático,
científico e tecnológico; domínio afetivo – atividades de comunicação
e expressão corporal, musical e plástica; domínio psicomotor –
atividades de motricidade geral e perceptivo-motoras; na área sociológica – atividades
de conhecimento, de auto-conhecimento e de integração social. São ministradas
diariamente aulas de recreação, momento onde as crianças socializam umas com as
outras. O currículo considera na sua concepção, a faixa etária, o grau de
desenvolvimento da criança em seus aspectos psicomotor, afetivo-social,
linguístico e cognitivo, fundamentado em uma proposta pedagógica
interacionista. Os componentes curriculares propostos e as atividades
curriculares a serem desenvolvidas ocuparão todas as horas de aula para
garantir a integração física, psíquica, social e desenvolvimento intelectual,
manifestadas no desenvolvimento de habilidades que levam a autonomia da
criança.
O
Centro de Educação Infantil Professora Manoelina Maria de Jesus é unidade de
ensino e aprendizagem integrada à comunidade, funcionará em período parcial e
integral.
O regime de funcionamento desta
instituição atenderá às necessidades da comunidade, não podendo ser
ininterrupto no ano civil, respeitando os direitos trabalhistas ou
estatutários. A Educação Infantil nesta instituição se organizará em grupos de
idade e o regime é sequência anual, com organização das atividades criando uma
integração entre o processo lúdico e as atividades formativas voltadas para a
educação integral da criança. A Educação Infantil oferecerá o mínimo de
200(duzentos) dias de trabalho escolar e de 800(oitocentas) horas, conforme o
artigo 7º, § 2º da Resolução n. 037/2001/C.E.E./RO e Resolução
005/2006/CME/ARQ. As crianças com necessidades educativas especiais serão
preferencialmente atendidas, respeitado o direito a atendimento adequado em seus
diferentes aspectos.
O ano letivo será dividido em quatro
trimestres, compreendendo o ano civil sendo assim: I Trimestre (janeiro,
fevereiro e março); II Trimestre (abril, maio e junho); III Trimestre (julho,
agosto e setembro); IV Trimestre (outubro, novembro e dezembro). Em cada um
deles será trabalhado um projeto de acordo com os temas geradores escolhidos
durante a semana pedagógica de planejamento e descritos nos plano de ação
institucional do ano letivo.
A
organização curricular da Educação Básica segue as determinações da Lei Federal
n. 9394/96, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica e as
normas emanadas pelo Conselho Municipal de Educação, de modo a: ter presente
que os conteúdos curriculares não serão fins em si mesmos, mas meios básicos
para constituir competências cognitivas ou sociais, priorizando-as sobre as
informações; ter presente que as linguagens serão indispensáveis para a
constituição de conhecimentos e competências; adotar metodologias de ensino
diversificadas, que estimulem a reconstrução do conhecimento e mobilizem o
raciocínio, a experimentação, a solução de problemas e outras competências
cognitivas superiores; reconhecer que as situações de aprendizagem provocam
também sentimentos e requerem trabalhar a afetividade da criança.
A Avaliação Institucional visa
ao aperfeiçoamento da qualidade do ensino da aprendizagem e da gestão
institucional, com a finalidade de transformar a escola comprometida com a
aprendizagem de todos e com a transformação da sociedade.
Os princípios da Avaliação Institucional visam a: adesão voluntária: deve
ser um projeto desejado por toda a comunidade escolar; avaliação total e
coletiva da escola: a escola deve ser avaliada em todos os setores e por todos
os que fazem parte da comunidade escolar; respeito à identidade da escola:
deve-se ter sempre em vista que a escola é situada historicamente e tem especificidades
que deverão ser levados em consideração; unidade de “linguagens”: entendimento
comum dos conceitos, princípios e finalidades do projeto; competência
técnico-metodológica: deve-se ter uma base científica que direciona o projeto e
que proporciona legitimidade aos dados coletados.
As ações metodológicas e as etapas
de avaliação serão intencionalmente planejadas pela equipe gestora
considerando: visão de totalidade – a escola deve ser avaliada no seu todo,
envolvendo serviços, desempenhos e suas interrelações, tendo como referencial o
Projeto Pedagógico; participação coletiva – no processo avaliativo participará
a comunidade escolar e local de forma individual e coletiva conforme
estabelecido pela equipe gestora; planejamento e acompanhamento – será
assegurado a continuidade do processo a fim de que não se limite apenas ao
levantamento de informações.
A operacionalização do processo
avaliativo poderá ser feita em três etapas: fase preparatória –
constituição do grupo de trabalho, elaboração da proposta de avaliação, discussão
da proposta e definição do projeto; fase executiva – elaboração, discussão,
testagem e aplicação dos instrumentos de coleta e informações, apuração e
organização dos dados coletados; fase da síntese e análise dos dados – revisão
do processo e ajustes, elaboração de relatórios conclusivos, discussão sobre o
uso dos resultados encaminhamento de ação e divulgação do relatório final.
7.9 Avaliação
da Aprendizagem
A avaliação do desenvolvimento da
criança é feita através da observação e registro de forma contínua, mediante o
acompanhamento das etapas do seu desenvolvimento em função da oportunidade e
qualidade das vivências proporcionadas na escola. Neste Centro o processo de
avaliação será realizado, tomando como referência os objetivos estabelecidos,
sem objetivo de promoção, classificação garantindo: a observação crítica e
criativa das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no
cotidiano; a utilização de múltiplos registros realizados para adultos e
crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns etc.); a continuidade dos
processos de aprendizagens para meio de criação de estratégias adequadas aos
diferentes momentos de transição vividos pela criança (transição
casa/Instituição de Educação Infantil, transições no interior da instituição,
creche/pré-escola e pré-escola/ensino fundamental); documentação específica que
permita as famílias conhecer o trabalho da instituição, junto às crianças e os
processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança na Educação Infantil;
não retenção da criança.
A avaliação representa um exercício
de observação direta do desenvolvimento da criança na aquisição de habilidades
no uso das diversas linguagens e na integração com o grupo social.
A Educação Especial, como modalidade
transversal a todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, é parte
integrante da educação regular, sendo prevista neste projeto
político-pedagógico.
Como modalidade de Educação Básica,
a educação especial considerará situações singulares, os perfis das crianças,
as características biopsicossociais das crianças e suas faixas etárias e se
pautará em princípios éticos, políticos e estéticos de modo a assegurar: a
dignidade humana e a observância do direito de cada criança de realizar seus
projetos de estudo, trabalho e de inserção na vida social; a busca da
identidade própria de cada criança, o reconhecimento e a valorização das suas
diferenças e potencialidades, bem como de suas necessidades educacionais especiais,
no processo de ensino e aprendizagem, como base para a constituição e ampliação
de valores, atitudes, conhecimentos, habilidades e competência; o
desenvolvimento para o exercício da cidadania, da capacidade de participação
social, política e econômica e sua ampliação, mediante o cumprimento de seus
deveres e o uso fruto de seus direitos;
Consideram-se crianças com
necessidades especiais os que, no ato da matrícula, já diagnosticados ou não,
ou ainda durante o processo educacional, apresentarem: dificuldades acentuadas
de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o
acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas em dois grupos:
aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica e aquelas relacionadas a
condições, disfunções, limitações ou deficiências; dificuldade de
comunicação e sinalização diferenciadas das demais crianças, demandando a
utilização de linguagem e códigos aplicáveis; altas habilidades/superdotação,
grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos,
procedimentos e atitudes.
A escola preverá e promoverá na
organização de suas classes comuns: professores capacitados e
especializados, respectivamente, para o atendimento às necessidades
educacionais das crianças; trabalho integrado com a família; atendimento
personalizado ou em pequenos grupos; desenvolvimento de atividades em regime de
coeducação; encaminhar a criança aos profissionais da saúde sustentabilidade do
processo inclusivo, mediante aprendizagem cooperativa em sala de aula, trabalho
de equipe na escola e constituição de redes de apoio com a participação da
família no processo educativo, bem como de outros agentes e recursos da
comunidade; serviços de apoio especializado, realizado nas classes comuns
mediante atuação:
a)
colaborativa de professor especializado em educação especial;
b)
disponibilização de outros apoios necessários à aprendizagem, à locomoção e à
comunicação, com a ajuda constante de um(a) cuidador(a).
Os alunos com deficiências físicas
terão transporte garantido de casa até à escola feito unicamente pelo ônibus da
acessibilidade, em horário diferenciado de que transporta os demais alunos,
agendado pelos pais e/ou responsáveis no ato da matrícula.
Tendo em vista a população
brasileira e sua evidente pluralidade, não se pode mais permitir que o sistema
educacional alegue que as crianças negam sua identidade porque não conhecem sua
história. Ora, e o que a escola está fazendo durante todo o tempo em que estas
passam por seu sistema? Afirmar isso, é como admitir que a
escola não está educando baseado nos princípios da igualdade.
A Legislação Brasileira
possui inúmeras publicações sobre os direitos da criança nos âmbitos social,
cultural e educacional as quais foram criadas para fortalecer e amparar uma
formação íntegra e saudável. Dentre elas destacamos as que referem-se à Educação
para as relações étnico-raciais, trazendo para a discussão os Parâmetros
Curriculares Nacionais publicados pelo Ministério da Educação em 1994 e a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB nº 9394/96, mais precisamente
suas alterações, sendo aqui de nosso interesse a lei 10.639/03.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais
– PCN, constituindo-se em referência nacional para que os sistemas de ensino
estaduais e municipais possam adequá-lo à realidade educacional, além de
possuir orientações sobre as disciplinas curriculares do Ensino Fundamental
contempla em sua composição o volume dos Temas Transversais, propondo-se que se
trabalhe de forma interdisciplinar, os quais segundo o Ministério da Educação
foram escolhidos obedecendo aos seguintes critérios:
1) Urgência social – Esse critério indica a preocupação de eleger como Temas
Transversais questões graves, que se apresentam como obstáculos para a
concretização da plenitude da cidadania, afrontando a dignidade das pessoas e
deteriorando sua qualidade de vida.
2) Abrangência Nacional - Buscou contemplar questões
que, em maior ou menor medida e mesmo de formas diversas, fossem pertinentes a
todo País.
3) (...)
4) Favorecer a Compreensão da realidade e a
participação social - Os temas eleitos em seu conjunto, devem
possibilitar uma visão ampla e consistente da realidade brasileira e sua
inserção no mundo, além de desenvolver um trabalho educativo que possibilite
uma participação social dos alunos.
Sendo que uma ou mais
justificativa com certeza se aplica ao trabalho com o tema Pluralidade
Cultural, considerando-se a parte que nos interessa, reafirma as colocações dos
autores descritos neste referencial sobre a necessidade da educação
étnico-racial. O critério de urgência social nos indica que não é mais
tolerável afrontar a dignidade humana com atitudes de preconceitos. O documento
explica que:
A temática da Pluralidade Cultural diz
respeito ao conhecimento e à valorização das características étnicas e
culturais dos diferentes grupos sociais que convivem no território nacional, às
desigualdades socioeconômicas e à crítica às relações sociais discriminatórias
e excludentes que permeiam a sociedade brasileira, oferecendo ao aluno a
possibilidade de conhecer o Brasil como um país complexo, multifacetado e algumas
vezes paradoxal. (BRASIL, 1994, p.118)
Neste sentido a publicação
da Lei nº 10.639/03, que inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a
obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira, fomentou a
discussão em torno da abordagem do tema em sala de aula, atendendo às indagações
de profissionais da educação e estudiosos como questionava Ribeiro, anteriormente à referida lei,
Crianças brasileiras de todas as
origens étnico-racias têm direito ao conhecimento da beleza, riqueza e
dignidade das culturas negro-africanas. Jovens e adultos têm o mesmo direito.
Nas universidades brasileiras, procure, nos departamentos as disciplinas que
informam sobre a África. Que silêncio lamentável é esse, que torna invisível
parte tão importante da construção histórica e social de nosso povo, e de nós
mesmos? (RIBEIRO, 2002, p.150)
Como resposta a este e outros questionamentos, a Lei
significou uma grande conquista, fruto das lutas de vários setores à favor de
uma educação que não negasse a contribuição efetiva dos negros para a
construção histórica, social e cultural do país, a qual busca reparar também as injustiças de ordem psicológicas, materiais,
políticos e educacionais cometidas contra as populações descendentes de
africanos negros no Brasil e principalmente evitar a proliferação das políticas
de branqueamento da população.
A
partir de 09 de janeiro de 2003 a LDB nº 9394/96 passou a vigorar com o
seguinte texto:
Art. 26- A. Nos estabelecimentos de
ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o
ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
§ 1o O conteúdo programático a que se
refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos
Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na
formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas
áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
§ 2o Os conteúdos referentes à História
e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo
escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História
Brasileiras. (BRASIL, 2004, p.14)
Ou seja, fica determinado
que de modo interdisciplinar porque não se trata de uma nova disciplina
específica, os conteúdos devem fazer parte da grade curricular das escolas,
indo além da LDB, pois como afirma Gomes:
“Ela
supera a visão de que a ação da população negra no Brasil se resume a meras
contribuições e traz para o debate a ideia de participação, constituição e
configuração da sociedade brasileira pela ação das diversas etnias africanas e
seus descendentes. Além disso, extrapola o conhecimento específico do ensino de
História incluindo outras áreas do conhecimento. (GOMES, 2008, p.71)
No tocante da educação étnico-racial o
documento aponta que:
O ensino de História e Cultura
Afro-Brasileira e Africana, a educação das relações étnico-raciais, tal como
explicita o presente parecer, se desenvolverão no cotidiano das escolas, nos
diferentes níveis e modalidades de ensino, como conteúdos de disciplinas,
particularmente, Educação Artística, Literatura e História do Brasil, sem
prejuízo das demais, em atividades curriculares ou não, trabalhados em salas de
aula, nos laboratórios de ciências e de informática, na utilização de sala de
leitura, biblioteca, brinquedoteca, áreas de recreação, quadra de esportes e
outros ambientes escolares. (BRASIL, 2004, p.21)
De acordo com a professora
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, Conselheira e relatora que elaborou o
parecer da referida lei, a abordagem da temática no seu sentido mais amplo tem
a finalidade de “formação de cidadãos empenhadas em promover condições de
igualdade no exercício de direitos sociais,
políticos, econômicos, dos direitos de ser, viver, pensar, próprios aos
diferentes pertencimentos étnico-raciais e sociais.” (2007, p.490). Sabendo que
esta formação inicia-se nos primeiros anos escolares, ressaltamos que a
educação das relações étnico-raciais é indispensável nesta fase de
escolaridade, uma vez que no ano de publicação dos Parâmetros Curriculares o
documento trazia uma colocação sobre a ausência de estudos ou publicações que
tratasse do “intercâmbio cultural” entre crianças,
É interessante, também, registrar que
raríssimos estudos tratam das relações entre crianças e intercâmbio cultural,
no seu contexto mais amplo, como fator relevante para o desenvolvimento
psicológico e cognitivo. Há estudos, sobretudo no campo da lingüística e da
antropologia, que tratam da apreensão e da elaboração cultural pela criança no
interior de seu grupo de origem. Contudo, tem sido pouco usual propor à criança
e ao adolescente uma abertura para culturas diferentes da sua, englobando
conteúdos atitudinais. (BRASIL, 1994, p.124)
Evidentemente que após quase vinte anos do lançamento dos
PCNs a educação brasileira fomentou outras discussões em torno do processo
educativo para as crianças principalmente pelo apelo da sociedade de que a
identidade desta está sempre em processo de transformação e mudança, e no caso
dos materiais disponíveis para o trabalho com pluralidade racial, as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o
Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira trouxe orientações indispensáveis
para o trabalho com a lei 10.639/03, onde enfatizou-se o diferencial deste ao
afirmar que:
A relevância do estudo de temas decorrentes da História e cultura
afro-brasileira e africana não se restringe à população negra ao contrário, diz
respeito a todos brasileiros, uma vez que devem educar-se enquanto cidadãos
atuantes no seio de uma sociedade multicultural e pluriétnica, capazes de
construir uma nação democrática. (BRASIL, 2005, p.17 )
Como também ressalta Moreira e Candau (2008), a
introdução de uma releitura sobre a África e a cultura afro-brasileira na
escola afeta e causa impacto não só à subjetividade dos negros, pois trás ao
debate a dimensão da história do país como um todo, onde estão incluídos todas
as etnias. “Os outros grupos étnico-racias presentes nessa instituição, também
usufruirão dessa mudança” (p.73). Assim o texto
dos PCNs sustenta que pluralidade “vive-se, ensina-se e aprende-se.” É trabalho
de construção, no qual o envolvimento de todos se dá pelo respeito e pela
própria constatação de que, sem o outro, nada se sabe sobre ele, a não ser o
que a própria imaginação fornece. (BRASIL 1994, p. 141)
Em se tratando de crianças, a educação das relações étnico-raciais deve ser conduzida, tendo-se como referências os princípios “da consciência política e
histórica da diversidade do fortalecimento de identidades e de direitos
(BRASIL, 2004, p. 17). Porém, o mais importante a se questionar atualmente
segundo Gomes (2008) é como esses princípios estão sendo considerados pelo
campo do currículo, pelo currículo que se realiza no cotidiano das escolas e
pela ação pedagógica de uma maneira geral.
Por isso, entendemos
que fazer valer o cumprimento da lei é uma ação que envolve todo o segmento
escolar, pois é de
responsabilidade de todos e não apenas do professor em sala de aula. Exige-se,
assim, o engajamento e comprometimento dos diversos elos do sistema de ensino
brasileiro, tendo-se como referência a Lei nº 10639/03, em conjunto com suas
diretrizes normativas, têm o papel norteador e coordenador da organização da
educação para as relações étnico-raciais.
7.6
Da Educação Ambiental
A Educação Ambiental foi uma das proposições
que saiu das Conferencias Internacionais acerca do tema, e especificamente na
Conferência de Tbilisi (1977) quando de fato a constituiu enquanto tema a ser
abordado em diferentes espaços, e de forma especial no espaço escolar, quando
afirma:
A Educação Ambiental é o
resultado de uma orientação e articulação de diversas disciplinas educativas
que facilitam a percepção integrada do meio ambiente, tornando possível uma
ação mais racional e capaz de responder ás necessidades sociais (...) Para
realização de tais funções, a educação ambiental deveria (...) enfocar a
análise de tais problemas através de uma perspectiva interdisciplinar e
globalizadora, que permita uma compreensão adequada dos problemas
ambientais.(p.33)
Para Figueiró (2000) embora a EA possa ser
realizada por campanhas populares (educação não-formal) inclusive nos meios de
comunicação, é na escola com a educação formal que ela encontra seu espaço
privilegiado para formar cidadão e cidadãs com senso crítico para avaliar as
complexas questões ambientais.
Por esse ângulo, a EA se apresenta como um meio
importante de combate e superação da crise sócio-ambiental, nacional e
planetária, podendo ser um espaço de autocrítica das gerações atuais. Assim, a escola é o espaço social e o local
onde o educando/a dará sequência ao seu processo de socialização. O que nela se
faz se diz e se valoriza representa um exemplo daquilo que a sociedade deseja e
aprova. Comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática,
no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de cidadãos
responsáveis.
Mais o que dizer do meio
ambiente na escola? Tomando-se como referência (TAMAIO apud VIGOTSKY 2000)
pode-se dizer que um processo de reconstrução interna (dos indivíduos) ocorre a
partir da interação com uma ação externa (natureza, reciclagem, efeito estufa,
ecossistema, recursos hídricos, desmatamento), na qual os indivíduos se
constituem como sujeitos pela internalização de significações que são
construídas e reelaboradas no desenvolvimento de suas relações sociais.
A educação ambiental, como
tantas outras áreas de conhecimento, pode assumir, assim, “uma parte ativa de
um processo intelectual, constantemente a serviço da comunicação, do
entendimento e da solução dos problemas” (VIGOTSKY, 1991. p 32).
Trata-se de um aprendizado
social, baseado no diálogo e na interação em constante processo de recriação e
reinterpretação de informações, conceitos e significados, que podem se originar
do aprendizado em sala de aula ou da experiência pessoal do aluno. Assim, a
escola pode transformar-se no espaço em que o aluno terá condições de analisara
natureza em um contexto entrelaçado de práticas sociais, parte componente de
uma realidade mais complexa e multifacetada.
O mais desafiador é evitar cair na simplificação de que a
educação ambiental poderá superar uma relação pouco harmoniosa entre os
indivíduos e o meio ambiente mediante práticas localizadas e pontuais, muitas
vezes distantes da realidade social de cada aluno. Cabe sempre enfatizar a
historicidade da concepção de natureza (CARVALHO, 2001), o que possibilita a
construção de uma visão mais abrangente (geralmente complexa, como é o caso das
questões ambientais) e que abra possibilidades para uma ação em busca de
alternativas e soluções. E como se relaciona educação ambiental com a
cidadania? Cidadania tem a ver com a identidade e o pertencimento a uma
coletividade. A educação ambiental como formação e exercício de cidadania
refere-se a uma nova forma de encarar a relação do homem com a natureza,
baseada numa nova ética, que pressupõe outros valores morais e uma forma
diferente de ver o mundo e os homens.
A educação ambiental deve ser vista como um processo de permanente
aprendizagem que valoriza as diversas formas de conhecimento e forma cidadãos
com consciência local e planetária. E o que tem sido feito em termos de
educação ambiental? As grandes maiorias das atividades são feitas dentro de uma
modalidade formal. Os temas predominantes são lixo, proteção do verde, uso e
degradação dos mananciais, ações para conscientizar a população em relação à
poluição do ar. A educação ambiental que tem sido desenvolvida no país é muito
diversa, e a presença dos órgãos governamentais como articuladores,
coordenadores e promotores de ações é ainda muito restrita.
Considerando a importância da temática ambiental e a
visão integrada do mundo, no tempo e no espaço, a escola deverá oferecer meios
efetivos para que cada aluno compreenda os fenômenos naturais, as ações humanas
e sua consequência para consigo, para sua própria espécie, para os outros seres
vivos e o ambiente. É fundamental que cada educando e educanda desenvolva as
suas potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos sociais
construtivos, colaborando para a construção de uma sociedade socialmente justa,
em um ambiente saudável.
Com os conteúdos ambientais permeando todas as
disciplinas do currículo e contextualizados com a realidade da comunidade, a
escola ajudará o aluno a perceber a correlação dos fatos e a ter uma visão
holística, ou seja, integral do mundo em que vive. Para isso a Educação
Ambiental deve ser abordada de forma sistemática e transversal, em todos os
níveis de ensino, assegurando a presença da dimensão ambiental de forma
interdisciplinar nos currículos das diversas disciplinas e das atividades
escolares.
A
fundamentação teórico/prática dos projetos ocorrerá por intermédio do estudo de
temas geradores que englobam palestras, oficinas e saídas a campo. Esse
processo oferece subsídios aos professores para atuarem de maneira a englobar
toda a comunidade escolar e do bairro na coleta de dados para resgatar a
história da área para, enfim, conhecer seu meio e levantar os problemas
ambientais. Os conteúdos trabalhados serão necessários para o entendimento dos
problemas e, a partir da coleta de dados, à elaboração de pequenos projetos de
intervenção.
Considerando a Educação Ambiental um processo
contínuo e cíclico, o método utilizado pelo Programa de Educação Ambiental para
desenvolver os projetos e os cursos capacitação de professores conjuga os
princípios gerais básicos da Educação Ambiental (SMITH, apud SATO, 1995)
Princípios gerais da Educação
Ambiental
§
Sensibilização: processo de alerta, é o primeiro passo
para alcançar o pensamento sistêmico;
§
Compreensão: conhecimento dos componentes e dos
mecanismos que regem os
sistemas naturais;
§
Responsabilidade:
reconhecimento do ser humano como principal protagonista;
§
Competência: capacidade de avaliar e agir efetivamente
no sistema;
§
Cidadania: participar ativamente e resgatar direitos e
promover uma nova ética capaz de
conciliar o ambiente e a sociedade.
A Educação
Ambiental, como componente essencial no processo de formação e educação
permanente, com uma abordagem direcionada para a resolução de problemas,
contribui para o envolvimento ativo do público, torna o sistema educativo mais
relevante e mais realista e estabelece uma maior interdependência entre estes
sistemas e o ambiente natural e social, com o objetivo de um crescente bem
estar das comunidades humanas.
Nesse contexto, segundo Reigota (1998), a educação
ambiental aponta para propostas pedagógicas centradas na conscientização,
mudança de comportamento, desenvolvimento de competências, capacidade de
avaliação e participação dos educandos. Para Pádua e Tabanez (1998), a educação
ambiental propicia o aumento de conhecimentos, mudança de valores e
aperfeiçoamento de habilidades, condições básica para estimular maior
integração e harmonia dos indivíduos com o meio ambiente
Se existe
inúmeros problemas que dizem respeito ao ambiente, isto se devem em parte ao
fato das pessoas não serem sensibilizadas para a compreensão do frágil
equilíbrio da biosfera e dos problemas da gestão dos recursos naturais. Elas
não estão e não foram preparadas para delimitar e resolver de um modo eficaz os
problemas concretos do seu ambiente imediato, isto porque, a educação para o
ambiente como abordagem didática ou pedagógica, apenas aparece nos anos 80. A partir desta data os
alunos têm a possibilidade de tomarem consciência das situações que acarretam
problemas no seu ambiente próximo ou para a biosfera em geral, refletindo sobre
as suas causas e determinarem os meios ou as ações apropriadas na tentativa de
resolvê-los.
As finalidades
desta educação para o ambiente foram determinadas pela UNESCO, logo após a
Conferência de Belgrado (1975) e são as seguintes:
Formar uma população mundial consciente e preocupada
com o ambiente e com os problemas com ele relacionados, uma população que tenha
conhecimento, competências, estado de espírito, motivações e sentido de
empenhamento que lhe permitam trabalhar individualmente e coletivamente para
resolver os problemas atuais, e para impedir que eles se repitam. (p. 13)
De acordo
com Figueiró (2000, p.23)
A maioria dos problemas
ambientais poderia ser evitada se a educação ambiental fizesse parte da
formação das gerações passadas”, visto que é preciso e necessário educar de
acordo com os princípios da sustentabilidade, ou seja, toda criança em idade
escolar deve compreender que os recursos naturais são limitados, sendo
importante e necessário que todo/as percebam a natureza com visão crítica e
ampla dos sérios problemas ambientais, bem como das interelações entre eles.
Neste sentido, a CEI incluirá em sua rotina uma
ação voltada para o trabalho com a temática como a manutenção de hortas e canteiros.
Vale destacar outra recomendação desta conferência que inclui a temática
ambiental de forma interdisciplinar, afirmando que á EA deve ser aplicado “com
foco interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada disciplina,
de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada” (DIAS, 1998 p.81) Diante
deste contexto, os PCNs aponta para a EA como Tema Transversal, que recomenda
que a temática de EA seja trabalhada de transversal e interdisciplinar nos
currículos escolares.
8.
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